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quarta-feira, 22 de abril de 2015

A MULA


Mistanásia é uma pequena, aconchegante e a mais distante cidadezinha da região de Mitim-Bonitim-Má. Região muito quente envolta por nove cidades subsequentes. Lugar onde o vento morre de cansaço sem esperança de ser enterrado.

Todos de Mistanásia esperava entender o que aconteceu na noite anterior. Ouviram-se galopes apavorantes, relinchos medonhos, e pequeno tremor no chão. Aos que se atreveram olhar pela janela, ficaram estáticos de pânico. Estes ficaram mudos, assombrados pelo que vira.

Parecia ser muitas mulheres que grunhiam em uma cavalhada. O pequeno povoado ficou impressionados e confusos, ao verem marcas de um galope só. As mulheres choravam alto. Grandes pegadas que parara na porta da única igrejinha da cidade. Uma mendiga velha fazia crochê ali próximo. Padre Júnior jazia morto, coiceado. Estava sem dedos e sem olhos. 

Chiavam murmúrios sobre o caso. Ninguém sabia dizer o motivo daquilo tudo em um lugar isolado como aquele. Os que viram pela janela não falavam, olhavam com olhos arregalados e boquiabertos. Os mudos correm para casa. A mendiga velha começa rir de repente, ninguém a conhece, nem sabem de onde veio. – Vocês estão condenados pelo pecado deste homem. (riso) A maldição caiu sobre esta região... A Mula está de volta depois de tantas gerações... – Quem é você velha?! Questiona um senhor. – É! Do que está falando?! Pergunta Pedrinho.  –Você matou o Padre Júnior! Acusa uma mulher.  A velha continua o crochê mesmo sendo questionada abruptamente. –Parece que seus tataravós não repassaram á vocês os mistérios que rodearam esta cidade há séculos atrás... A juventude se perdeu, em seus anseios inúteis. Os anciãos que ali estavam, começaram a se movimentar em direção á velha. No mesmo instante a velha mendiga pega a maior agulha de crochê e aponta á um dos velhos. –Não querem que eu conte?! Vocês não acreditaram que um dia esta cidade poderia tornar suas maldições vivas novamente, né?! A Mula é o primeiro sinal de que muitas estão por vir... –Conte-nos o que vai acontecer. Por favor. Pedro um adolescente implora á velha por explicações. Esta que junta suas coisas e sai mancando vagarosamente desajeitada.  –Eu não posso dizer mais que isto meu pequeno garoto. Se ainda querem saber, perguntem ao mais velho homem de Manga-Chata. Ele lhes contará tudo. Mais cuidado! Estas estradas estão mais negras do os olhos de Romãozinho...

No velório de Padre Júnior foi decidido por todos. Toque de recolher ás cinco da tarde. Por tempo indeterminado.  
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Douglas B.C.

(15/04/2015)

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